Fim de isolamento social não é Réveillon
Não é de hoje que venho notando a busca pelo autoconhecimento, mas me parece ser um efeito da pandemia no setting terapêutico a urgência para as respostas de perguntas complexas como: “Quem eu sou?”, “O que me move?”, “Qual o meu propósito?”, “Por que eu não consigo mudar isso ou aquilo?”.
A mudança de rotina, que nos tirou os prazeres “express” (a cervejinha com os amigos, encontrar o boy, dançar, viajar, ir a praia, beijar na boca etc) pode ter nos provocado um vazio que agora queremos preencher. Mas tem que ser rápido, “então eu vou ali nos Terapeutas formados por Jordan que é pra acelerar o meu processo”. Epa, epa, epa! Precisamos conversar.
Nenhuma Psicoterapia é the flash. Fato que a nossa abordagem promove, sim, insights mais velozes e ressignificações incríveis, mas isso costuma ser bem mais comum com quem já tem uma estrada terapêutica e de autoconhecimento ou está realmente inclinado a mudar e encarar a sua sombra com o peito aberto. E ainda assim, leva tempo.
E, pelo amor da deusa, está tudo bem levar um tempo para se autoconhecer. Independente de Pandemia, Terapia não é dieta, que você faz, obtém uma melhora e volta a comer porcarias. Ser terapeutizado é muito mais do que isso.
É, principalmente, entender que você não vai atingir a cura 100% e precisará ser vigilante com os seus comportamentos indesejáveis para o resto da vida. E quando errar ou sentir a presença da sombra, acolhê-la sem que esta respingue nos outros, ou te traga uma culpa inútil.
O nome disso? Autonomia e maturidade. Capacidade de se autoperdoar e recomeçar. Com estes aspectos em dia aí, sim, você caminha para o que te move e assume os seus limites.
Final de isolamento social não é réveillon, TTS não é milagre, Constelação não é magia, Regressão não é Adobe Premiere e Floral de Bach não é poção polissuco. Parece (rsrsrs). Mas, não é. Então, não desista do seu processo na primeira recaída, na primeira revolta com você mesmo. Avante, ok? Sempre.